A minha primeira tour de Marrocos

Cheguei a Akchour por volta do meio das 12h e só com o pequeno-almoço do barco desde o jantar da noite anterior, mas nem fome tinha. Não sabia como se fazia para ir visitar as cascatas mas assim que cheguei lá o guia explicou logo. Tem de se deixar o carro ou mota no parque e depois contratar um guia para ir visitar o que se quisesse. Queria ir visitar as cascatas mas era muito tempo até lá e já vi cascatas, optei por ir visisitar a Ponte de Deus que era mais perto (apenas uma hora de trekk para cada lado ) Mudei de roupa e prontamente um amigo do Mohammed (o meu guia) se ofereceu para me guardar as coisas. Fora avisado acerca destas coisas e o concelho era não deixar nada, mas não podia carregar mais nada comigo por isso levei só o essencial e rezei para que quando voltasse ainda lá estivesse tudo.
Apesar de estar cansado e estar uns amenos 29º o trekk até lá é espetacular e valeu bem a pena.

Exausto, suado mas contente cheguei finalmente à ponte e nada me preparou para aquilo que se deparava diante dos meus olhos, a magnitude da ponte é simplesmente de outro mundo e deixou-me boquiaberto (a foto não lhe faz justiça)

As coisas estavam a melhorar significativamente!! Tomei uma banhoca debaixo da ponte apesar da água estar gelada e depois de descansar um pouco volta-mos ao parque. Toca de pagar o guia, o amigo que guardou as coisas e o parque, total 210 dirhams cerca de 20€, uma pechincha
Com esta brincadeira toda já eram 16:30, ainda não tinha comido e ainda tinha de ir ficar a Meknés, isto ia ser apertado para lá chegar antes da noite (queria eu).
Toca de enrolar punho direito a Chefchaouen, para ir tirar umas peligras na famosa cidade azul, que afinal de azul tinha pouco.

Desiludido e esfomeado não me cansei a ir à parte antiga para ir tirar as peligras e vai de dar punho, nas ruínas há de ser melhor.
As horas passavam e quando cheguei ás ruínas que queria visitar a cerca de 30km de Meknés já era praticamente de noite e não deu para visitar nada (a primeira coisa que ficou para trás). Tinha sido avisado para não conduzir à noite em Marrocos e estava a começar a perceber porquê. Não havia iluminação a estrada cheia de curvas e escorregadia, mas o pior era que andava tudo no meio da estrada, pessoas, bicicletas, carroças de burros e só os via já em cima. Depois de uns sustos e muitas razias entro em Meknés e se até aqui conduzir à noite tinha sido uma tourada em Meknés foi o descalabro completo.
Trânsito infernal, com motoretas e buzinadelas por todo o lado era a confusão geral e agora tinha de conseguir dar com o Riad onde iria ficar a pernoitar. Vai de seguir o gps até que ele me manda virar para dentro da medina, e pensei isto não vai ser bom.
Entro na medina e o o gps diz que ainda me falta 1km até ao Riad, mas assim que passei os portões da medina entrei no Souk e aí foi o diabo, ruas com um metro de largura cheias de barracas de vendedores e pessoas a passar "isto não pode ser por aqui, devo estar mal de certeza". Levei 1h perdido pelas ruas do mercado à procura do maldito Riad, o motor fervia, a embraiagem já cheirava a queimado, suava em bica debaixo do equipamento e já rogava pragas a tudo e mais alguma coisa até que finalmente um homem de idade me conseguiu levar aquele maldito Riad de m€r enfiado em pleno mercado.
Bato à porta e aparece-me uma francesa que me diz que o dono não está mas posso ficar, pergunto onde é a garagem e ela diz que não há "welcome to Africa" vou ter de deixar a azulinha a dormir num sítio daqueles e acho que de manhã ela já não vai estar lá....

No Riad conheço um casal da Eslovénia que me deu umas dicas fantásticas de locais a visitar quando lá for para o ano e me convidou a ir visitá-los. De manhã só pensava que por quela altura a minha azulinha já estava ás peças nas mãos de algum marroquino, mas para espanto meu ali estava ela intacta

Queria arrancar cedo porque tinha uma boa distância programada para aquele dia e queria fazer umas pistas, mas o senhorio não havia meio de aparecer. Vamos ao pequeno-almoço, agora já sei o que pedir para comer já não vou passar fome. Finalmente ás 11h aparece o maldito senhorio, raios me parta já foram os planos todos por água abaixo, toca de reorganizar tudo "welcome to Africa"
Arranco que nem um doido em direcção a Khenifra e a má disposição desaparece assim que começo a rolar e começam as paisagens fantásticas
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[justify] A seguir a Khenifra começa a estrada de montanha em direcção a Imilchil. Começa bem, depois já é só uma faixa que os carros, carrinhas e camiões insistem que há de ser só para eles e as razias sucedem-se, a determinado ponto a estrada desaparece e começa um troço em em terra batida que está em obras obras. A paisagem é de tirar o fôlego e imprópria a cardíacos pelos enormes picos e vales assim como pelas enormes quedas que esperam quem saír do trilho. (Não tirei muitas fotos pois parar nesta zona é suícidio)

Passada a secção de montanha chego a um planalto, decido vazar o jerrican que levava e estava a atrapalhar-me, parei, desamarro o dito cujo enquato acendo um cigarro e vai de vazar para o depósito, escusado é dizer que metade foi para o depósito e a outra metade para todo o lado inclusive para cima do motor que estava "quentinho" e eu de cigarro na boca enquanto fazia isto. Só quando estava a tirar esta foto me dei conta do perto que estive de me explodir a mim próprio. Imbecil!!

Com a pressa para tentar chegar antes do anoitecer no dia anterior à excepcção do pequeno almoço não comera nada todo dia até chegar o albergue, onde gentilmete o caseiro que me recebeu me deu a provar pela 1ª vez comida marroquina, fiquei assim a saber o que é a teoria do caos. Eu explico para quem não sabe, a teoria do caos é tentar comer uma omelete bérber sem talheres só com as mãos e pão marroquino, um autêntico pesadelo, parecia um animal a comer, mas soube bem dormi que nem um anjo e acordei para tomar o pequeno almoço com esta vista

A pista é porreira, passa por um leito de um rio seco cheio de pedra, mas faz-se e a pista regresa, até que ao fim de 10kms a água e o trilho desaparecem no leito do rio cheio de pedra.
"Não vou voltar para trás não deve ser mais de umas centenas de metros"
Continuei a rezar para que acabasse depressa e não partisse nada no motor ou cremalheira senão estava feito, estava ali sozinho, sem água e não se via ninguém já há algum tempo.
Cada vez que dava com um beco sem saída dar a volta à mota era um pesadelo, os pés resvalavam nas pedras e era dificil manter o equilibrio, cada vez tinha mais sede cada vez estava mais calor e escorria em suor e estava a ficar para ser sincer completamente borrrado de medo. Ao fim de 3h naquele inferno, ÁGUA!! Na verdade não era mais que um pequeno ribeiro com cerca de 3cm de altura de água, mas para mim era um oásis enfiei a cara no chão e vai de sorver toda a água que consegui..