O Meu “NOSSO DAKAR”.
Começou gelado e acabou gelado...
Organização: 20 valores, pouco interventiva, como se espera num Evento destes, mas sempre presente nos momentos chave...Sabem o que fazem!
Navegação por GPS, Road Book ou seguir o pó de quem tenha estas coisas...
Saída de Sintra até á praia da Arrifana em Aljezur.
Eu, na minha Amante, XTZ 660Z o André na sua GS800 o Ricardo Machado de GSA 800 e o Luís de Transalp 650.
Frio de morrer na ligação por AE, as motas com mariquices para ver a temperatura registaram -3 Graus. Eu apenas registei muito frio...mesmo mt frio!
Chegados á Arrifana, tempo para levantar os dorsais com o nosso numero, preparar as motos e comer alguma coisa. Tudo fornecido, com qualidade, pela organização.
Um mar de motos enchia a zona. Deu para reparar e cobiçar a moto alheia, ou as motos neste caso. A marca reinante era a BMW e os modelos GS1200 e Gs800 em força. Deu para ver umas 3 Teneres e 1 ou 2 super teneres. KTM tb bem presente com as 990 e as novas 1190. Apenas contabilizei 2 transalp e algumas Africa Twins...
O 1º dia tinha 110 km de troço entre Aljezur e algures perto de Vilamoura, onde estava situado o Hotel onde passaríamos a noite, ou parte dela...
Grupo feito e reunido, já na companhia do Zé Carlos e da sua Varadero. O Zé redefiniu o conceito de azar neste 2 dias...Adiante...
Logo que entramos na terra apanhamos uma recta com areia...e, 1ª queda do dia para o zé...eu que circulava atrás, por milagre, não me juntei a ele!! Travar forte em areia é complicado! Nesta 1ª queda deu para ver que a Varadero é uma moto pesada...e que custa a levantar do chão!
O Pó era nota dominante...resolvi não baixar a pressão dos pneus no inicio, pois diziam que o terreno estava muito duro e que o risco de furar era elevado. Após alguns km´s em que a moto estava difícil de guiar resolvi tirar pressão. Que diferença! Voltei eu a controlar a moto e não o contrário...
Numa zona de ligeira descida, nova queda do Zé...entrou, por distracção num rego e ao tentar sair de lá deu-se a queda, seca, daquelas que doí só de ver. Deixou-lhe a mão dorida e alguns riscos na Moto.
Subimos até á FOIA e passamos por sítios deslumbrantes...mas se quiserem saber melhor...é irem para o ano!!
As diversas paragens, ora pelas quedas, ora para comer e largar fluidos e o facto de o tempo não ter parado( não sei porque) fez com que o Sol fosse descansar
... Andar de moto, em trilhos, com o Sol a desaparecer é algo mágico. Mas nem tudo são rosas. Andar de noite, cansado, com pouca visibilidade tem os seus riscos e o Zé voltou a ser protagonista de nova queda...de repente deixei de ver a luz dele no meu retrovisor...voltei para trás e lá estava a Varadero caída na vala, bem funda por sinal, cheia de silvas! O zé nem queria acreditar. Ainda deve estar a esta hora para perceber como caiu na valeta numa zona quase a direito. Só acontece a quem anda!
Rapidamente tinha ali o grupo todo, mais alguns companheiros que ali pararam para puxar a moto lá do fundo. E com boa vontade e muita entre-ajuda lá saiu...foi um parto difícil!
Depois lá ficamos 10 minutos á procura do meu Telemóvel no meio das silvas. Afinal estava na bolsa de cintura...O normal, para quem me conhece!
Já só pensava no Hotel, em água quente, em tirar os quilos de pó que tinha em cima em comida e na cama!
Dia 2:
Saída as 8h30...
Iriamos ter um troço de vilamoura até Alcoutim.
130km de trilhos pela deslumbrante serra algarvia. Mas, não gosto de contar muito sobre paisagens e locais. Metam Gasolina e façam-se á estrada.
Rolámos bem em grande parte do trajecto. Deu para andar mais depressa em algumas zonas do percurso e ter aquela sensação de estarmos num RAID. Mas o meu rápido, é o lento de muitos...E vi muitas GSA1200 a passar por mim como se fossem motos de Enduro.
Não arrisco nada nestas coisas, e acima de tudo, não posso dar-me ao luxo de estragar a minha menina, pois além de companheira de aventuras é o meu transporte do dia a dia.
Final de troço...sorriso de orelha a orelha...
Chegada do André que, tinha ficado um pouco atrás e noticia que tinha caido forte na ultima curva do evento!
Um inesperado golpe de acelerador fez com que fosse comer pó mais de perto...
Resultado: umas dores no tornozelo, anca e mão. Mas o pior, uns pequenos danos na “bela”. Nada demais, as proteções compriram exemplarmente a sua função!
Almoço com vista para o Rio Guadiana em Alcoutim, do outro lado Espanha, mas o nosso é mais bonito
uma terra que merece a visita de qualquer Tuga que tenha possibilidades para o fazer.
Ainda faltava fazer a ligação de Alcoutim para casa...Sintra estava longe...mas ao pensar que o andré ia para Madrid, via que não estava assim tão mal. Direcção Mértola e numa das curvas a chegar á vila o Zé cai:crybaby2:
. A mota vai embater num carro que circulava em sentido oposto. E se nas quedas atrás, somente uns riscos tinham marcado a moto, desta, os estragos, foram mais consideraveis. O Zé, estava desesperado...era muito azar para um Homem só.
De imediato criamos uma comissão de inquérito para apurar o que levou á queda, visto que ele ia devagar. Após analise cuidada da moto e da caixa negra da mesma, vimos que, uma amolgadela no aro da frente, fruto de uma forte pancada num buraco já perto do final do troço fez com que o ar do pneu fosse á sua vida...Inquérito encerrado! Reboque, e taxi para casa. Espero que o Taxi não tenha avariado no caminho...
Regresso a casa duro, com uma gripe em cima, cheio de febre, foi a cereja em cima do bolo...
Balanço:
Apesar de não ter por hábito pagar para andar de moto, neste caso, não me arrependi nada. 95 euros para estes dois dias é um preço mais que justo. 3 refeições e uma noite incluída num Hotel de boa qualidade, T-Shirt do evento, autografado pelos nosso pilotos do Dakar. Troços muito bem escolhidos, seguro etc...
Como em tudo na vida, estamos sempre a aprender e este fim de semana ensinou-me muito nestas coisas de andar de moto:
- Nunca facilitar na escolha do equipamento de segurança. Se não fosse estarem devidamente equipados, tanto o Zé como o André estariam no Hospital com ossos partidos.
- Verificar exaustivamente a moto após um forte impacto.
- Levar enchidos, queijo e pão para comermos nas paragens...
Palavra final para a minha bisnaga. Mais uma vez a prova que uma moto simples pode ir onde bem quisermos.0 problemas, média de consumo final 5,2, após quase 930km em 2 dias.
Inté, vou continuar a tirar macacos do nariz envoltos em pó.