Antes de mais quero agradecer a todos pelo apoio, e em especial á equipa Téé 500 - Guilhas, Pedro 112 e esposa (111? :) ), Liliane e Pedro Filipe (Jornalista) - que foram incansaveis na conquista deste objectivo.
o Relato:A azafama do corre corre começou dia 28 (quarta-feira) com o chegar tardio dos pneus e entrega na Iamaha de Loures onde a mota estava a ser preparada. Os autocolantes dos patrocinadores só ficaram prontos ao final da tarde e consequente tudo se atrasou. Colagem e envernizamento dos mesmos ás tantas, arrumação de material... eram 3 da manhã e ainda as carenagens e deposito secavam á luz do luar.
Dia 29 o dia começou cedo, fisioterapia pelas 8h00, 8h50 Yamaha de loures a entregar deposito e carenagens para montagem final...chegada do Guilhas com o reboque de transporte e eis que surge o primeiro verdadeiro contratempo – o deposito tinha um vinco no local das torneiras de gasolina que iriam fazer com que existisse fuga de combustivel. Valeu-nos o mestre Luciano da Iamaha de Loures, a calma que transparecia fez-nos lucidos o suficiente para resolver a questão... um O-ring usado, massa reparadora, e araldite comprada num pulo no centro da cidade. A mota iria com o deposito extra que já tinhamos colocado como suplente. Agora a questão era : “daria tempo de secar tudo a tempo de fazer as verificações com o deposito original??”.
12h30 e faziamo-nos ao caminho, recolhido em Alcantara o Jornalista da equipa – Pedro Filipe, fazemos a ponte 25 de Abril no abrir e fechar de olhos a fim de recolher na Quinta do Conde o 4 elemento da equipa e todo o material de apoio. Tudo arrumado e decidimos comer por casa antes de partir.
15h00 foi a hora de saída...viagem sem percalços directa a Portalegre.
Chegada a Portalegre, encontrada a NERPOR e fazemos o 1º check-in - marcar carros de apoio, formalizar a entrada do jornalista e solicitar informação sobre verificaçoes tecnicas – será possivel mudar de deposito depois do prólogo a fim do original secar convenientemente?? O pessoal da organização não poderia ser mais prestavel a tentar dar resposta, o resultado foi: “ terão de solicitar o mesmo nas verificações administrativas”....ok! e assim fomos, paragem junto de um dos patrocinadores – a “Loja das trotinetes” - que tb iria competir com 4 kart-cross, ultimos retoques na mota e verificações administrativas... encontramos de novo a secretária do ACP que delirou umas semanas antes aquando da inscrição quando soube da XT600Z ir participar. Impecável...além de nos explicar como fazer, em cada local que passavamos a seguir, meio mundo parecia saber do nosso problema com o deposito e tentava ajudar.
Numeros colocados, publicidade oficial também...é hora de fazer as verificações tecnicas. A XT600Z parecia uma vedeta...todos que por ela passavam a idolatravam e paravam para fotografar ou dizer algo.
Verificações feitas e é tempo de a recolher no parque fechado.
Passamos á fase de recolha do pessoal, ida para o que seria o nosso quartel General – uma garagem gentilmente cedida para toda a equipa dormir as proximas noites.
Tudo instalado é tempo de dormir e preparar para o prólogo do dia seguinte.
O dia 29 começou cedo, 6h45 e já a pé, é hora de descer á cidade e fazer o prólogo esperado.
Saida do parque ás 8h22, chegada á zona de partida do prólogo e de novo a XT600Z dá nas vistas, espectadores de cameras empunhadas, jornalistas a fazer perguntas...e até mesmo o pessoal do ACP a querer fotografia junto da velhinha. Era a mota mais acarinhada no local.
Prologo feito, uma pista com 5 kilometros onde a velocidade era rainha claro que a Té não iria dar luta. A regularidade é o seu forte. Todo o percurso feito a meio gás sem pretençoes a qualquer tipo de classificação – “o objectivo é amanhã chegar ao fim.”
2 horas para assistir a mota... a hora de verdade. Todas as dúvidas se dissiparam quando montamos o deposito reparado – Não tinha fuga!! Agora outra decisão: fazemos assistencias de combustivel ou vai o deposito cheio? O raciocinio foi: “Se a Té está habituada a andar sempre com deposito cheio...porque mudar??” 23 litros do liquido mágico lá para dentro e toca a recolher no parque fechado.
Resto do dia livre para restaurar energias e planear as assistencias de Sábado, passeio pelo centro de Portalegre, compras para o dia de prova e churrascada no final do dia já de volta ao Q.G.
Dia 30, alvorada ás 7h00, competição começa ás 9h00, com o preparar das coisas, a chegada ao parque dá-se ás 8h55...uma corrida até ao parque, ligar montada e partir...a aventura iria começar. Percurso até á partida atrás de uma mota atrasada...novas fotos, e começou!!
Primeiros kilometros feitos e a 1ª mota parada – uma BMW teimosa em repousar. Como boa samaritana a Té oferece ajuda. Entretanto, talvez pelo ego ofendido, a mana da Baviera começa a roncar. De pronto a Té se poe a caminho.
Os kilometros passam a um ritmo diabolico. O piso aos poucos começa a piorar, cada kilometro devorado parece um martirio para as suspensões já calejadas da Té Vintage. Os troços de rocha solta vão-se sucedendo e cada vez mais trialeiras. É impossivel manter um ritmo mais acelerado com a mota a ser projectada em cada rocha pontiaguda. A 1ª vitima do mau piso, uma das DT´s caida e outra a dar assistencia (pai e filho)... após confirmado não precisarem de ajuda, a Té faz-se ao caminho para percorrer os ultimos kilometros antes da 1ª assistencia.
75km´s e eis a 1ª Placa de aviso de assistencia...um sorriso instaura-se na face ao ver a equipa “Téé 500” a acenar. Paragem...e ouve-se no ar...”que precisas??” – “água no camel bag e oleo na corrente.” Uma equipa aprumada capaz de causar invejar a muitas profissionais...cada um com uma função, sem pestanejar em dois tempos a mota estava pronta a seguir. Fiquei pasmado com a prontidão... só conseguia pensar: “epá... isto é mesmo a sério!!” Mota a roncar, slide obrigatório para a foto...e de volta aos trilhos.
Segundo troço de 75km´s...caminhos dignos de uma mota de trial, um encadear de ribeiros secos cobertos de rochas lisas com as suas margens com desniveis verticais de mais de 1,5m... havia zonas que só pensava : “ como os kartcross irão passar aqui??”. Aos 130km´s o primeiro percalço – uma cinta que prendia a mochila de suplentes ao banco parte, enrolando-se á roda traseira. Resultado... um raio partido da roda e a protecção de corrente danificada. 5 minutos de reparação e volta á pista.
150km´s e uma a placa diz 200m ZA2... de novo o sorriso instaura-se como que um viajante no deserto a ver um oásis. Os sorrisos da equipa ao ver-nos fazem passar qualquer problema que possa surgir. Nova paragem, corrente oleada, camel bag cheio, barra de cereais comida e novo slide de entrada no troço.
3º troço – o mais longo de todos, cerca de 100km´s com uma possivel assistencia só de combustivel pelo meio.
Começam os Quads a passar...o 1º que passa buzina antes de ultrapassar e a passagem é-lhe cedida. Como retributo, uma “gasada” das rodas traseiras que certeiramente me partem um dos farois da Té e uma nuvem de poeira que , devido á ausencia de vento, tardava em clarear. A solução seria apontar á nuvem e olhar atentamente para roda da frente á espera de surpresas... que não tardaram a surgir – meia duzia de apontadelas destas e a Té faz uma tangente a uma mesa de uma sra que olhos esbugalhados assistia á prova numa das escapatórias laterais de uma curva – conclusão a curva não era visivel no meio da nuvem de poeira e tinha seguido em frente em direção ao publico -1ª lição – mais vale a pena reduzir velocidade e esperar que a nuvem passe do que conhecer de perto um dos muitos sobreiros que por ali abundavam.
A 2ª solução encontrada foi rolar á velocidade dos quads assim não seria ultrapassado. Resultado as ultrapassagens começam a suceder-se a um ritmo já controladoa deixando uma grande margem de tempo para poder rolar sem problemas.
Sensivelmente ao kilometro 210 dá-se a 2ª lição empírica, o segredo do sucesso aqui é a concentração e focagem no que se passa na pista... distraido com o deprender o doseador do camel bag que tinha ficado preso a uma alça e com a velocidade que tinha incutido...dá-se a 1ª (e unica) queda. A mota foge numa das muitas pedras soltas e com uma mão ocupada no camel bag, a outra mão não consegue responder convenientemente aos 200kg de massa Ténéreíca em franca evasão. Resultado – um selector de mudanças torto, deposito e carenagens raspadas – nada que não se pudesse resolver no terreno para poder prosseguir. Um verdadeiro “esperta olhos” – afinal pode-se mesmo cair nestes troços!!
Nos 30 kilometros seguintes antes da ZA3, 3 acidentes com motos, um deles aparentemente grave...onde a Té sem pretençoes nenhumas de chegar em tempos tabelados, rápidamente se imobilizou a fim de socorrer o piloto estendido ao longo da pista empedrada. Vitima consciente, com fractura exposta numa das pernas...segundos depois chega um elemento da organização – “pode seguir, agora ele fica connosco...” .
Desta vez a Té demora um pouco mais a voltar á pista, inconscientemente a cabeça do careca ficou no acidente...isto passa!
Passagem pela zonas GAS (abastecimento de combustivel) e aceno á equipa a dizer adeus, até á proxima assistencia. O deposito da Té ainda dava para terminar a prova e ir passear por Espanha.
ZA3 á vista... 245Km´s feitos. A sensação é de objectivo quase cumprido...o pensamento é : ”já vou em Mira no percurso Lisboa-Porto.”
Nas mãos da equipa e ouve-se um aviso do 112 de serviço: “estás a beber pouca água!! 0,5l por percurso” epá, tenho de cumprir, ele tem razão ... corrente oleada, camel bag cheio, de volta ao terreno.
Inicio do percurso mais curto, apenas 45 Km´s. Ao comparar os kilometros do mostrador da Té com os kilometros reais, há um desfazamento de cerca de 20km...serão os tais falados kilometros feitos de roda no ar? Com a adrenalina ao rubro, os kilometros estavam a passar e sem o corpo dar de si, supreendentemente estava maçado mas com força para fazer outros 250km´s.
Percurso rolante, com imensos estradões em terra batida. Desta feita a Té rolava em alguns troços a 140km´s devorando kilometros sem parar. Cada zona de espectaculo mais um saltinho para as cameras imortalizarem para a história.
Chegada á ZA4...e vão 290km´s. “agora só nos encontramos na meta...” ouvia a equipa a dizer. Era impossivel deixar de sorrir ao pensar na meta...o objectivo mais ansiado.
Mais 80km´s de estradões interminaveis á boa maneira Alentejana, com o sol a querer acariciar-nos com um belo pôr do sol...objectivo secundário traçado – “chegar antes que o sol se ponha, deve ser engraçado tirar foto na meta com as cores vivas do por do sol por trás.”
Aos 340km´s, consigo ver a primeira cara conhecida no percurso – precisamente o meu Pai, que não tinha aguentado ficar em casa a pensar como estaria a correr a prova e madrugou neste dia para me ver chegar. A ansiedade foi tanta que praticamente parei para lhe dizer olá, por trás vejo mais caras conhecidas, familia e amigos...o melhor prémio que poderia ter ganho naquela altura! Parecia que a prova tinha acabado de iniciar tamanho o entusiasmo de ir para a meta.
5km´s finais eram da pista do prólogo efectuado no dia anterior...percurso já conhecido. O pensamento era...”não te entusiasmes demais, até á meta ainda podes cair...”.
Ao fazer a ultima curva, recta pela frente e.....Meta!!!
Era entusiasmo por todos os lados, equipa, familia, amigos, desconhecidos...todos a darem os parabens e a acarinharem .... uma sensação indescritivel de um sonho de miúdo a tornar-se realidade ainda por cima aos comandos da coisa que mais felicidade e momentos de prazer me deu neste ultimos 13 anos de maus caminhos– a Cabra Té.
Objectivo concluído!!!"Obrigado a todos por ajudarem a tornar um sonho em realidade."As fotos aqui