Pois é amigos,
Cá estou eu de volta a esta crónica e pelas piores razões, pois estou muito em baixo e desiludido com todo o sistema.
Conforme tinha noticiado anteriormente, a companhia da outra interveniente no acidente, tinha-me atribuido a culpa e a minha companhia, tinha atribuido 100% culpa à outra condutora.
Como seria à partida uma situação 50% culpa para cada lado, resolvi colocar o processo no CIMPAS, pensando eu que seria uma forma de abreviar todo este moroso processo.
O processo (reclamação) deu entrada no CIMPAS no dia 03/11/2012. No dia 16 de Janeiro de 2012 recebo uma carta registada do CIMPAS, notificando-me para comparecer em audiência de julgamento arbitral que se irá realizar no dia 31 de Janeiro, pelas 09.30h. É-me também solicitado de que devo contactar a minha testemunha, pois a mesma não será contactada pelo centro.
No dia e data marcado, compareço juntamente com a minha testemunha, afim de sermos ouvidos em audiência. Em primeiro lugar, a audiência começou com meia hora de atraso. Em segundo lugar, sou chamado à sala e a Juiz Arbitro DrªMaria de Jesus Madeira (Atenção a este nome! Caso vos calhe esta Juiz no prato, rejeitem de imediato!) que me informa de que não irá ter lugar a sessão, pois o veredicto já tinha sido decidido por outro "colega" e eu tinha sido declarado culpado, portanto, a Drª. Juiz não iria contra a decisão do outro magistrado.
Como devem calcular, fiquei boquiaberto, pois ninguem me tinha informado de nada, em segundo, se era para dizer que eu era o culpado e que nada iria ali fazer, poderia perfeitamente ter sido informado por escrito e já não teria comparecido, nem feito comparecer a minha testemunha, com prejuizo para ambos de termos faltado aos respectivos trabalhos.
Fiz ouvir o meu descontentamento e desagrado pela situação de forma veemente.
A Juiz informou-me que o "colega" que tinha decidido declarar-me culpado, pertencia à Convenção de Regularização de Sinistros (CRS) que é uma entidade que regula as companhias de seguros, segundo me foi dado a perceber. Nessa mediação da qual eu nunca fui informado nem pela minha companhia, o que teria sido o minímo, fui declarado culpado, sem ter sido ouvido eu ou outra pessoa qualquer.
Como eu disse que iria apresentar uma reclamação por escrito ao centro, o que acabei por fazer, a Juiz e o escrivão pediram para conferenciar e sairam da sala durante uns 10 minutos. Quando voltaram, informaram-me de que iria haver nova marcação de sessão, onde se iriam houvir ambas as partes envolvidas no acidente e as respectivas testemunhas.
Recebi nova carta registada a 03 de Fevereiro, para comparecer em Sessão de audiência de julgamento arbitral em 28 de Fevereiro do corrente. Novamente, tinha que ser eu a avisar a minha testemunha para comparecer.
Ontem, no dia da audiência, compareci mais a testemunha, para tentar resolver esta questão de uma vez por todas. Quando lá chegámos, fomos informados pela recepcionista de que as sessões estavas muito atrasadas e que estariam dois processos ainda à nossa frente. Informei de que não haveria problema, que esperaria. Sentámo-nos junto à dita recepção e passado algum tempo, a Juiz aproximou-se do local onde nos encontrávamos e falou com o advodado da outra companhia, com a condutora e seu acompanhante, vim a saber mais tarde, seu cunhado. Justificava-se a Juiz em voz baixa, mas que eu ouvia perfeitamente, relativamente ao atraso e à necessidade de haver aquela audiência. Mais uma vez,disse (EU OUVI!) que não iria alterar o veredicto do seu "colega", apenas estava a ser feita a audiência pois eu assim o tinha exigido!
Passado bastante tempo, fui chamado à sala de audiências, onde já se encontrava a outra interveniente no acidente e o advogado da sua companhia e a Juiz pediu-me para relatar os factos do acidente, tendo eu explicado com todos os pormenores.
Quando cheguei à parte de falar da minha moto ou de ter-me deslocado nela, a Juiz de uma forma inequivoca, deu a entender que as motas seriam um veiculo não grato, pouco seguro e perigoso para a sociedade e os outros condutores. Numa palavra: não dereriam circular! Por ter sentido tal, vireime para a Juiz e afirmei: "Se calhar, seria melhor proibir a circulação das motas" ao que ela encolhendo os ombros e flectindo ligeiramente a cabeça, assentiu!
Perante isto, logo à partida (e à chegada) todo e qualquer processo relativo a acidente de mota que passe pelas mãos desta Juiz, está condenado ao fracasso para o motociclista!
Mais: Fui posto em causa, tanto da forma como decorreu o acidente, assim como relativamente ao material por mim reclamado, que ficou danificado no acidente (Capacete, blusão, top case, luvas, polo Lacoste, etc) Dizia a Juiz: "quem me diz a mim, que o material que o Sr. reclama, é o mesmo que diz ter danificado no acidente? Aliás, onde está esse material que eu não vejo? " Respondi que em nenhuma parte da convocatória, me era pedido para levar o material.
A sessão ficou interrompida, pois a testemunha da outra interveniente não compareceu, tendo ficado marcada nova sessão para dia 12 de Março do corrente.
O mais estranho e gravoso de tudo, é que fui interrogado, qual criminoso, pela Juiz e pelo advogado da companhia da outra interveniente, tendo sido posta em duvida a minha versão por diversas vezes. Quando a Juiz interrogou a outra interveniente, limitou-se a ouvir o seu relato, não colocando qualquer questão nem pondo em duvida qualquer pormenor do mesmo.
Realmente, é lixado ser motard!
O mais hilariante disto tudo é a afirmação no processo, de que eu ultrapassava num local com traço continuo e dai se ter dado o embate, mas se houvesse justiça e vontade de a fazer, quando a outra interveniente relatou a sua manobra, afirmou que tinha atempado feito e pisca e parado antes de iniciar a manobra de virar à esquerda. Quando a Juiz lhe perguntou porque parou, a mesma afirmou que vinha um carro no sentido contrario. Para um ouvnte mais atento, se fosse verdade e fazendo fé no seu relato anterior, se eu vinha a ultrapassar na outra faixa, ao vir um carro em sentido cont´rario o que a levou a parar, eu tinha embatido de frente no veiculo que circulava na outra faixa! Mas a Juiz achou tudo normal, nem comentou o facto!
O que estou à espera para a próxima sessão? Espero ir perder mais um dia de trabalho, para no final ouvir aquilo que já ouvi duas vezes, que o veredicto já foi tomado, ou seja, sou eu o culpado!
Viva a Justiça em Portugal Vergonha!