Teste retirado da MotoXplorersFonte original: http://www.motoxplorers.com/blogmotoxplorers.html
Quem nos conhece sabe que quando nos chega um "brinquedo" novo gostamos de o conhecer bem.
Para isso nada melhor do que experimentar nas condições que mais gostamos...
Dar continuidade a um modelo Trail mítico como a Super Ténéré não é tarefa fácil.
Para saber como se saíram os engenheiros nipónicos levámos a nova Yamaha para o Adventure Training Centre.
É bastante claro que esta moto entra em directa concorrência com a BMW GS pelo que não é de estranhar que tenha tantas soluções idênticas.
A transmissão por veio e rodas de raios com tubeless, "trunfos" até agora exclusivos das GS, aparecem na Ténéré com algumas ligeiras nuances.
O braço oscilante duplo em vez de monobraço por exemplo, faz realmente mais sentido.
Dividir o esforço da roda por dois rolamentos pode significar maior durabilidade do que em apenas um, alem disso a distribuição de peso fica mais equilibrada... já no que diz respeito às rodas, o apoio dos raios na borda do aro é naturalmente mais resistente do que se este apoio estiver no centro do aro.
Os bancos são definitivamente inspirados na GS, tanto em design, como em conforto, a única diferença perceptível é que implicam uma menor abertura das pernas permitindo chegar com mais conforto com os pés ao chão.
A posição de condução é simplesmente perfeita, o guiador largo e a posição dos poisa pés ajudam a controlar a moto sem esforço mesmo em longas tiradas.
O tanque tem 23 litros de capacidade e é (infelizmente) de metal, sendo por isso mais facilmente danificado em caso de queda do que um de plástico.
O radiador está montado lateralmente, se por um lado é mais eficaz do que montado atrás da forquilha, por outro está também mais exposto em caso de queda.
Feita a primeira avaliação rápida é tempo de saber como se comporta fora de estrada. Um botão lateral permite desligar o controle de tracção, isto apesar de ter um modo off road.
De seguida há que desligar o ABS mas aqui surge o primeiro problema.
A inexistência de um botão para desligar o ABS é algo inconcebível numa moto que tenha qualquer tipo de apetência trail, grande falha dos engenheiros nipónicos.
Procuramos alternativas para desactivar o ABS e rapidamente percebemos soluções que atenuam esta falha.
Debaixo do banco do condutor (aberto com a chave de ignição) está colocada uma chave sextavada que permite a desmontagem de todos as carenagens da moto, entre os quais a do lado direito que protege as caixas de fusíveis, bateria e ferramentas (sim esta moto trás ferramentas!
A tampa está presa com 4 parafusos de aperto rápido, daqueles que basta rodar para o lado que ficam soltos, uma solução muito vista em competição mas pouco utilizada em motos de origem, em menos de 1 minuto temos todas as ferramentas à mão e a bateria exposta.
Feito isto basta retirar o fusível de ABS e desligamos o sistema.
Com esta operação perdemos o velocímetro e o conta quilómetros, provavelmente controlados pelos sensor de ABS na roda.
Continuando na adaptação da moto ao off road afinamos a posição de condução, no que diz respeito ao guiador bastou rodar ligeiramente que ficou no ponto, nos pedais a coisa revelou-se ainda mais simples.
As borrachas dos poisa pés saem facilmente sem recorrer a ferramentas, mas o mais genial é que com esta pequena operação ajustamos rapidamente o espaço entre comandos e poisa pés para a condução em pé.
A altura da borracha é mais do que suficiente para aceder aos comandos mesmo utilizando as volumosas botas de enduro.
Em condução os 261 kg estão lá, nada a fazer, agora que estão muito bem distribuídos, disso não restam duvidas depois de percorridos os primeiros quilómetros.
O peso está em baixo, muito em baixo, o que em conjunto com a qualidade da suspensão facilita e muito a agilidade com que se consegue levar esta moto por trilhos mais técnicos.
A resposta de todo o conjunto em pisos escorregadios é honesta e clara tornando-se muito intuitivo corrigir trajectórias ou slides.
Apesar de pequeno curso (190mm) as suspensões são rígidas o suficiente para não "baterem" quando expostas a buracos ou pedras.
A forquilha tem um toque magnifico não afundando em demasia e contribui definitivamente para uma frente bastante mais leve e controlável do que na GS por exemplo.
O motor é progressivo e potente, subindo rapidamente e garantindo divertimento a cada solicitação, apesar disso é incrível a capacidade de tracção da moto mesmo com pneus de estrada como era o caso.
O binário impressiona, muito semelhante ao boxer, perde apenas em recuperações a muito baixa rotação.
Isto se tivermos em modo S (sport), porque em modo T (touring) a gestão electrónica torna o motor bastante mais dócil.
A capacidade de travagem é assustadoramente potente, arrisco mesmo a dizer que seja demasiado potente para TT.
Os travões são "linkados" mas neste caso nem chega a ser um grande defeito uma vez que o seu comportamento é imperceptível.
A 1th edition da Yamaha Super Ténéré vem equipada com uma série de acessórios de origem entre os quais protecção de punhos, malas e uma protecção de carter de alumínio.
A protecção é eficaz mas os seus apoios pareceram frágeis, o filtro de óleo está extraordináriamente exposto e uma pedra mais atrevida não terá muita dificuldade em fazer danos.
Em conclusão a nova Yamaha XT1200Z Super Ténéré é um proposta bastante equilibrada e que vem sem duvida desafiar a liderança do segmento trail touring com a BMW GS, especialmente entre aqueles que nunca morreram de amor pelos cilindros laterais do boxer.
O seu motor mais poderoso, melhores suspensões e melhor travagem são argumentos de peso, mas o seu trunfo principal é mesmo o preço competitivo.Texto: Carlos Azevedo
Fotos: Enrique Diaz
Teste retirado da MotoXplorers
Fonte original: http://www.motoxplorers.com/blogmotoxplorers.html